A demanda de pacientes na rede pública de saúde na cidade de Americana, tanto nos atendimentos diários quanto nos agendamentos cirúrgicos, é composta por aproximadamente 25 mil “estrangeiros” aponta levantamento da Fusame (Fundação de Saúde de Americana).
Dados da secretaria de Saúde revelam que são realizadas 400 mil consultas por mês na rede pública e privada de Americana, quase o dobro da população do município.
Vistoria do Comsaúde (Conselho Municipal de Saúde) detectou uma demora de até seis meses no agendamento de cirurgias ortopédicas. Com a informatização dos cadastros, o município espera diminuir o número de “estrangeiros” na rede.
Os “invasores”, segundo o secretário de Saúde, Fabrízio Bordon, chegam inclusive de cidades de outras regiões e estados do país. Para a administração, a informatização conseguirá detectar alguns “estrangeiros”, entretanto, no caso de atendimentos, a rede SUS (Sistema Único de Saúde) não pode nega-los.
“São problemas que temos que enfrentar. Sabemos que existem pessoas que passam algum tempo na casa de parentes em busca de atendimento na rede municipal. É um problema sério”, afirmou o secretário.
De acordo com o superintendente da Fusame, Eduardo Pereira, dos 75 mil atendimentos realizados na cidade, 25 mil são pessoas de outras cidades. “Cruzamos dados de convênios médicos com os usuários conhecidos como SUS dependentes. Tenho certeza que os últimos em Americana chegam ao máximo em 50 mil.
O restante deve ser pessoas de outras cidades da região que utilizam nosso sistema de saúde. Pagamos um preço alto por isso”, analisou ele.
Pereira explicou que existem sim grandes dificuldades na rede municipal, principalmente no Hospital Municipal Doutor Waldemar Tebaldi, já que Americana é estruturada e conta com pacientes exigentes.
“No HM existem profissionais bons, ruins e de todo tipo. Às vezes parece que nós não queremos fazer nada. Não é isso que acontece. Queremos resolver, mas é muito difícil. Existem coisas que não dependem apenas do município”, explicou. O superintendente desabafa: “Se eu fosse convocado hoje para assumir essa missão na Fusame, eu não aceitaria. Fico triste em algumas ocasiões, mas levanto a cabeça. É minha missão”.
O responsável pelo Núcleo de Especialidades (onde são agendadas as cirurgias), Nilton Lobo, disse que a dificuldade é muito grande, uma vez que outros núcleos que antes realizavam cirurgias praticamente pararam com os procedimentos.
“A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) antes nos ajudava muito. Grande parte das cirurgias era realizada lá. Hoje, praticamente, isso não acontece mais. Mesma situação é vista em outros núcleos da região. Ficou tudo para o município”, analisou ele.
Segundo ele, a solução depende da união de forças entre o poder municipal, conselhos e deputados da região. “Não adiante ficarmos brigando. Temos que nos desarmar e tentar encontrar soluções. Temos três deputados estaduais e um deputado federal. Vamos conversar com eles e tentar buscar alternativas”, relatou.
Fonte: Jornal O Liberal