O funcionário público Marco Antonio de Paula – conhecido como “Capivara” – utilizou espaço, veículos e verbas públicas para organizar uma assembleia no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) da Praia Azul, no domingo, em guia de Americana, com o objetivo de arregimentar famílias para uma possível invasão de terras na região conhecida como Pós-Represa, que já foi alvo de ocupações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Um ônibus da administração americanense, uma ambulância, além da estrutura do prédio do Ciep foi cedido pela Prefeitura de Americana para o evento que, segundo o organizador, serviu como embrião para uma possível invasão de terras da própria municipalidade. Em nota, a Prefeitura informou que a estrutura foi cedida para uma “Festa do Trabalhador”. Aproximadamente mil pessoas estiveram no local para realizar o cadastro.
Lotado na Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, de acordo com o portal Transparência Brasil, “Capivara” recebe R$ 3,9 mil mensais para exercer a função de assistente adjunto da pasta, cujo secretário é Flavio Biondo. Mesmo como cargo de confiança, ele desafiou o chefe no domingo. Sem se identificar, a reportagem do LIBERAL questionou Capivara se ele é funcionário público.
Em resposta, ele argumentou: “Sou funcionário público sim. Se eles (prefeitura) acharam que eu ia deixar de lutar pelo povo estão enganados. Vamos invadir e depois vou atrás do Biondo e de quem quer que seja para ver como fica”, relatou ele.
Em seu discurso, “Capivara” agradeceu ao secretário de Saúde de Americana, Fabrizio Bordon, por ter cedido a ambulância para o evento, a assessora de gabinete Alexandra Noveli (por ter cedido os brinquedos para as crianças) e, em vários momentos, confirmou o apoio do prefeito. “Gente, gostaria de agradecer ao prefeito Diego De Nadai (PSDB) que está ao nosso lado nessa luta”, disparou Capivara em parte do discurso. Segundo ele, o local que será invadido ainda não pode ser revelado.
De acordo com ele, as terras têm capacidade para que quatro mil famílias construam moradias. “Já temos mais de 1,7 mil pessoas cadastradas. Precisamos ter o apoio do povo para sensibilizar as autoridades. A terra não é do município, nem do Estado. É do povo”, afirmou.
O secretário de Habitação de Americana, Davi Ramos, disse que não tem conhecimento de projetos habitacionais para a região e classificou como irresponsável a invasão. A Prefeitura informou que apoiou a Festa do Trabalhador e qualquer outro assunto a administração não tem conhecimento.
Fonte: O Liberal