Químico de Americana se destaca por descoberta

A descoberta de um pesquisador americanense que tem se destacado em nível nacional pode auxiliar os cozinheiros de plantão a garantirem o sabor verdadeiro do azeite de oliva em seus pratos e a não caírem mais nas armadilhas da adulteração.

O pesquisador de Encontra Americana Rodinei Augusti, de 46 anos, fez uma descoberta que promete garantir a qualidade do azeite de oliva comprado nos supermercados e mercearias. O teste consegue identificar em até dois minutos se o produto adquirido é adulterado. A pesquisa, realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), causou repercussão nacional e já foi tema de reportagens produzidas pela Folha de São Paulo e TV Bandeirantes.

Em entrevista ao LIBERAL, o químico disse que a pesquisa já foi concluída e está à disposição dos órgãos de fiscalização do produto. Ele contou que o método é inédito e que os testes existentes anteriormente conseguiam identificar apenas as formas mais grosseiras de adulteração e levavam até duas horas para a análise de uma amostra.

O pesquisador explicou que o teste criado por ele é realizado a partir da análise molecular de amostras do azeite extravirgem, que é o de maior qualidade e o mais caro, e amostras do azeite virgem, como é conhecido o de menor qualidade e mais barato. É feita a comparação da composição molecular dos dois produtos, identificada através de um equipamento denominado espectrômetro.

O azeite extravirgem é obtido a partir da primeira prensa da azeitona. Já o azeite virgem é extraído da sobra da azeitona e por isso tem menor qualidade. Os testes existentes até o momento conseguem identificar apenas adulterações feitas com óleo de soja, por exemplo, e agora já é possível fazer a distinção entre produtos com a mesma origem, a azeitona.

Augusti lembrou que o Brasil importa o azeite e é muito comum os distribuidores misturarem os produtos para obterem um lucro maior. “Ele está vendendo um produto muito caro que não corresponde à qualidade. Isso também prejudica a imagem do fabricante porque a distribuição é feita com adulteração”, afirmou. “Era uma fraude muito difícil de ser detectada que agora é possível de ser feita. Isso porque os dois tipos de azeite tem a mesma coloração e é impossível detectar a adulteração de forma visual”.





O químico contou que já trabalhou com outros tipos de métodos para detecção de fraude de produtos, mas o caso do azeite foi o que resultou em maior repercussão. Ele já trabalhou com testes de adulteração de cachaça e medicamentos, como o Viagra.

Prata da casa
Em Belo Horizonte há 16 anos, Augusti disse que está orgulhoso pela repercussão da pesquisa em sua cidade natal. Ele nasceu em Americana e foi criado na Vila Redher. Estudou na Escola Estadual Heitor Penteado e foi graduado em Química na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). O pesquisador também é mestre, doutor e fez pós-doutorado nos Estados Unidos. “Como um filho de Americana, fico muito orgulhoso. Para mim, é uma honra ser entrevistado pelo principal jornal da cidade e espero que minhas professoras (do Heitor Penteado) leiam a reportagem”, afirmou.

Fiscalização ainda é precária
Apesar de o Brasil já ter assumido uma posição entre os dez maiores compradores de azeite de oliva do mundo, com consumo anual de cerca de 50 mil toneladas por ano, a fiscalização da qualidade do produto ainda é precária. O Ministério da Agricultura ainda trabalha em uma regulamentação que permitirá o controle e a fiscalização do produto.

O ministério ainda pretende estabelecer o Regulamento Técnico do Azeite de Oliva, que está em fase de conclusão. O regulamento será discutido em uma reunião nacional, ainda este semestre, em que será publicado e aprovado. Atualmente, o que é utilizado para a fiscalização é o Regulamento Técnico para óleos vegetais, gorduras vegetais e creme vegetal, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O Ministério da Agricultura informou que já tomou conhecimento sobre a pesquisa desenvolvida pelo professor americanense Rodinei Augusti. A informação é que o método utilizado na pesquisa ainda precisa ser validado para que sejam comprovadas a precisão e a exatidão dos resultados. Segundo o ministério, após essa análise, o método poderá ser adotado para futuras fiscalizações do produto.

Fonte: O Liberal





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